DIOGO LUIZ DE ALMEIDA PEREIRA VASCONCELOS
PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 09

Diogo Luís de Almeida Pereira de Vasconcelos nasceu em Mariana em 1843, e faleceu em Belo Horizonte em 1927.

Filho de família mineira com forte tradição política permaneceu grande parte de sua vida em Minas Gerais. Era bisneto de Diogo Pereira de Vasconcelos, vereador influente do período colonial; sobrinho do Conselheiro Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos, que ocupou o cargo de presidente da Província de Minas por três vezes (1853,1854 e 1862) e de São Paulo no ano de 1856, além de Senador do Império; e do vice-presidente da Província, senador e 1º ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos.

Sua história foi marcada pela grande atuação política, seja no Império onde exerceu vários mandatos como Deputado e Senador, seja na República, em que mesmo se declarando monarquista, participou significativamente nas decisões políticas do Estado.

Filho de católicos praticantes e ele mesmo um católico fervoroso, fez os primeiros estudos em instituições religiosas, no seminário de Nossa Senhora da Boa Morte em Mariana e, depois, no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Logo após, freqüentou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde bacharelou-se em 1867.

As Faculdades de Direito de São Paulo e Recife estavam diretamente vinculadas, desde sua criação em 1828, ao processo de independência política do Brasil, em 1822. Pretendiam formar uma elite culta, capaz de solucionar os problemas da nação, que independente culturalmente de Portugal, fosse capaz de desenvolver um pensamento próprio, responsável pela elaboração de uma nova Constituição, na medida em que era responsabilidades destes intelectuais construir um novo modelo para a nação, com uma trajetória singular e autônoma, distanciando o país do estatuto de colônia2 .

Ainda no que se refere à Faculdade de Direito de São Paulo e sua influência na formação de seus acadêmicos, José Carlos Rodrigues nos informa que “Os bacharéis formados naquela Academia voltariam para Minas imbuídos do espírito positivista, animavaos um ideal de progresso e desenvolvimento” (RODRIGUES, 1986, p.137).

Na Faculdade de Direito de São Paulo, centro intelectual fortemente influenciado pelo modelo político liberal, Diogo de Vasconcelos era famoso por suas atitudes reacionárias.

Declarava-se conservador e ultracatólico e, na política ou no jornalismo, defendeu ferrenhamente a Igreja Católica.

Como político, participou ativamente da História de Minas Gerais; exerceu entre os anos de 1868 e 1870 o cargo de Secretário de dois Presidentes da Província mineira e pouco depois foi deputado à Assembléia Geral por seis anos. Nesse período, participou dos debates sobre a questão religiosa, sempre favorável aos bispos, e, por fim, foi Deputado na Assembléia Provincial de 1878 á 1885.

Atuou politicamente também na República ocupando a presidência da Câmara de vereadores de Ouro Preto, e, o posto de Senador Federal pelo estado de Minas Gerais.

Monarquista convicto, Diogo de Vasconcelos combateu o regime republicano antes da sua proclamação, e após o seu estabelecimento. Acusava tal regime de laicizante, e na tentativa de defender a religião, propôs a criação de um Partido Católico que, para sua decepção, não logrou êxito.

Outra atitude que revela sua profunda aversão ao novo regime pode ser constatada no boicote que ele, juntamente com outros monarquistas mineiros promoveram durante o Congresso Republicano em Ouro Preto, estes se reuniram para atrapalhar o evento, chegando a conseguir a adesão dos hoteleiros ouropretanos, no sentido de não hospedarem os participantes do Congresso.

Diogo de Vasconcelos também foi membro da Academia Mineira de Letras, instituição, em que foi bastante prestigiado. Entre os poucos escritos sobre sua vida, encontramos o discurso do acadêmico Mário Mattos que, ao ingressar na Academia Mineira, ocupando a cadeira que pertenceu a Vasconcelos, revela algumas peculiaridades do autor enfatizando que, era popularíssimo entre os colegas e na cidade. Todos o conheciam e estimavam. Impuzera-se. Corriam por todos os grupos suas pilherias, suas frases, suas caricaturas faladas, em que espirravam no bizarro movimento de traços ligeiros, os defeitos e tics risíveis dos companheiros (MATTOS, 1928, p.187). Tal fala mostra a popularidade, a simpatia e a imponência de Vasconcelos.

Na vida política se destacou com suas posições polêmicas e quando pedia a palavra “já se sabia que era inevitável não só o tumulto dos apartes como o ruído dos aplausos” (MATTOS, 1928, p.192).

Como escritor, mesmo não sendo historiador de formação, ofício desconhecido até e os estudantes que por lá passaram, então no Brasil, Diogo de Vasconcelos publicou várias obras sobre a história de Minas. Suas publicações foram: História Antiga das Minas Gerais (1904), O diário de Vera Cruz (1908), Administração Colonial. Como se exercia. O Vice-rei, os generais, os governadores, os capitães-mores de Capitanias e os capitães-mores de Vilas e Cidades (1914), História Média das Minas Gerais (1918). E ainda como publicação póstuma temos: A arte em Ouro Preto (1934) e História da Civilização Mineira: Bispado de Mariana (1935).

Dentre essas, destacam-se História Antiga e História Média que se tornaram referência para os estudiosos do período colonial mineiro, citadas por inúmeros autores, ainda na atualidade.

Ainda relacionado a sua vida pública, consideramos importante destacar a sua participação em institutos do país. Além de membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Diogo de Vasconcelos foi um dos membros fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, e do Instituto Histórico de Ouro Preto.

Tais institutos eram especializados em uma produção de cunho oficial, responsáveis por “construir uma história da nação, recriar um passado, solidificar mitos de fundação, ordenar fatos buscando homogeneidade em personagens e eventos até então dispersos” (SHWARCZ, 1993, p.99).

Sendo membro destes Institutos, pode-se inferir que ele tivesse afinidades com o modelo de história proposto em âmbito nacional pelo IHGB. Nesse sentido, faz-se interessante identificar o momento de criação do IHGB, apresentar sua concepção de história, bem como a infiltração e a difusão de seus ideais na historiografia brasileira.

Renata Kelly de Almeida Gonçalves