O Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) comemora o tricentenário de criação da Capitania de Minas Gerais fazendo memória de efemérides ocorridas ao longo desses 300 anos de travessia histórica. Neste mês de agosto de 2020, recordamos a batalha de Santa Luzia, ocorrida há 178 anos.

 

Naquele dia, as forças revolucionárias concentradas em Santa Luzia representavam 3.300 homens, com uma peça de artilharia. Eram comandadas por Teófilo Otoni, Antônio Nunes Galvão, Francisco José de Alvarenga e Manuel Joaquim de Lemos, ocupando a povoação e diversas trincheiras no entorno.

 

As forças legais, sob a direção do Barão de Caxias, contavam com cerca de 2.200 soldados com duas peças de artilharia, divididas em três colunas.

 

A batalha teve início logo pela manhã e só se findou ao entardecer, com a vitória das tropas imperiais, sob o comando de Caxias.

 

Segundo José Pedro Xavier da Veiga, os governistas tiveram 74 oficiais inferiores e soldados feridos ou contusos, alguns daqueles gravemente, e 18 mortos; e as forças revolucionárias 49 mortos, grande número de feridos e cerca de trezentos prisioneiros, e entre eles os seus principais chefes - Teófilo Benedito Otoni, José Pedro Dias de Carvalho, João Gualberto Teixeira de Carvalho, vigário Joaquim Camilo de Brito e outros.

 

Apesar de vencidos, pela coragem e tenacidade com que lutaram os rebeldes no palco derradeiro da Revolução Liberal de 1842, os integrantes do movimento insurgente, comparados a verdadeiros leões feridos, passaram a ser chamados de “Luzias”, expressão que se transformou, desde então, em sinônimo de destemor e bravura.

 

Nas palavras do historiador Augusto de Lima Júnior:

A batalha foi perdida sob o aspecto militar e político. Mas foi ganha para a História. Wellington derrotou Napoleão em Waterloo, mas Napoleão continuou maior do que Wellington. Nem sempre ganha quem é o maior. Ainda hoje no Brasil, os que lutam pela liberdade e pelos bons costumes tem o apelido de “luzias”. É a memória da batalha de 20 de agosto de 1842, no Arraial de Santa Luzia do Rio das Velhas. Santa Luzia sempre guardou com orgulho as cicatrizes dessa luta.

 

Efemérides do Mês no IHGMG. Realização: Comissão Cultural Permanente História de Minas. Coordenação: associado Marcos Paulo de Souza Miranda. Fonte: VEIGA, José Pedro Xavier da. Efemérides mineiras 1664-1897. Centro de Estudos Históricos e Culturais. Fundação João Pinheiro: Belo Horizonte, 1998.

 

Imagem: A Batalha de Santa Luzia, óleo s/ tela de Célio Nunes. Museu Histórico Aurélio Dolabella. Santa Luzia (MG). Data: 2005. Dimensões: 3,23 m x 1,70 m